Pelicanos de Balandrau.

"Que cada um se esforce individualmente e de acordo com as possibilidades de sua inteligência; mas que cuide de não censurar os demais, seja porque ele não os entende ou porque eles não o entendem, já que sempre ocorre um dos casos, e freqüentemente ambos de uma só vez. Toda opinião sincera merece por tal razão ser respeitada, ainda que possa haver discordância em seus méritos. A verdadeira liberdade de pensamento mede-se pela liberdade que cada indivíduo sabe conceder aos demais" PEDRO DONIDA

sábado, 10 de janeiro de 2009

A COR PÚRPURA DO R.E.A.A.

--- José Castellani ---

A cor púrpura, principal do Rito Escocês Antigo e Aceito, é uma decorrência de suas origens mais remotas, no século XVII, na França, e da aristocratização que lhe foi imposta, a partir do segundo quartel do século XVIII, também na França. Na realidade, os primeiros agrupamentos maçônicos de feição moderna - dos maçons Aceitos - na França, surgiram na esteira do séquito dos Stuarts, a partir de 1649, quando Henriqueta de França, viuva do rei stuartista inglês Carlos I, que fora preso e decapitado após a vitória da revolução puritana de Oliver Crommwell, aceitava, do Rei-Sol, Luis XIV, asilo no castelo de Saint-Germain-en-Laye. E haveria um sensível aumento desses agrupamentos, a partir de 1688, quando da segunda queda dos Stuarts, com Jaime II, depois da restauração de 1660; nessa segunda queda, novamente, o asilo político seria em Saint-Germain, concedido pelo mesmo Luís XIV. Os Stuarts, que, a partir do século XIV, com Alan Fitzflaald, haviam ocupado os tronos da Escócia e da Inglaterra, eram reis católicos e os seus seguidores, os jacobitas, eram chamados de “escoceses”, por sua feição partidária stuartista e não pela sua origem nacional.

Já com um grande contingente maçônico desse sistema “escocês”, na França, um cavalheiro escocês, André Michel de Ramsay, que havia sido corrido da Escócia, por querer implantar graus cavalheirescos na Maçonaria, produziu um discurso, em 1737, onde ele pretendia demonstrar o seu agradecimento, por ter passado de plebeu a nobre, depois de se tornar cavaleiro da Ordem de S. Lázaro. E nesse discurso --- que não lhe foi possível pronunciar, por proibição do cardeal Fleury, mas que foi publicado no ano seguinte --- ele procura ligar as origens da Franco-Maçonaria aos reis e príncipes das Cruzadas. Embora isso fosse apenas uma fantasia, o certo é que renderia frutos duradouros, a partir de 1758, quando foi fundado, em Paris, o Conselho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente, ou Soberana Loja Escocesa de S. João de Jerusalem. A partir desse momento, o sistema se tornava aristocratizado --- como Rito de Héredom --- ganhando a América do Norte, onde teria a sua roupagem definitiva , a partir de 31 de maio de 1801, com a fundação, em Charleston --- por onde passa o paralelo 33 da Terra --- na Carolina do Sul, do primeiro Supremo Conselho do Rito Escocês dos Maçons Antigos e Aceitos.

O que importa considerar, nesse apanhado bastante superficial dos primórdios do Rito, são os dois dados principais: 1. o Rito nasceu no catolicismo; 2. o Rito foi aristocratizado.

O catolicismo possui cinco cores litúrgicas: branca, negra, verde, roxa e vermelha. Destas, a mais importante é a VERMELHA, que é a cor do sangue e o símbolo da efusão do sangue por amor; por isso é a cor dos mártires da Igreja, usada durante as celebrações em homenagem a esses mártires. Alem disso, ela é a cor que distingue a alta dignidade cardinalícia; os cardeais, que, na hierarquia mundana, correspondem aos príncipes, usam o chapéu --- ou solidéo --- vermelho e a faixa vermelha, como sinal de sua distinção.

E a cor da nobreza, da realeza, também é a vermelha. Todos os antigos reinantes, ao assumir o trono, recebiam, sobre os ombros, um manto vermelho; famosa é a púrpura imperial, com que os imperadores romanos - os Césares - eram revestidos, quando de sua ascensão ao trono imperial. A própria púrpura cardinalícia, já referida, é um sinal de nobreza dos príncipes da Igreja.

Estabelecida a origem da cor vermelha no Rito Escocês Antigo e Aceito, podemos, então, lançar os olhos sobre as instruções e resoluções do rito, antigas e modernas:

Havendo necessidade, na segunda metade do século XIX, de tomar algumas medidas que tornassem consensual a prática do Rito Escocês Antigo e Aceito, inclusive no que se referia à cor do rito e aos aventais, embora estes, em todas as instruções anteriores, fossem orlados de vermelho, realizou-se em Lausanne, em 1875, um Congresso de Supremos Conselhos, que, em relação, especificamente, ao tema em pauta, resolveu:

1. O avental terá dimensão variável de 30/35 cm. por 40/45 cm. ;

2. O avental do Aprendiz Maçom é branco, de pele de carneiro, com abeta triangular levantada e sem nenhum enfeite;

3. O avental do Companheiro Maçom é branco, com a abeta triangular abaixada, podendo ter uma orla vermelha;

4. O avental do Mestre Maçom é branco, com a abeta triangular abaixada, orlado e forrado de vermelho;

5. O avental é o símbolo do trabalho e lembra, ao obreiro, que ele deve ter uma vida laboriosa;

6. A cor do Rito Escocês Antigo e Aceito é a vermelha.

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