BREVE HISTÓRICO DOS TRABALHOS DE EMULAÇÃO

Imagem Interna da Grande Loja de Londres.


Irm Angelo Spoladore
A não compreensão dos males e da origem do humanidade bem como o medo, motivaram o homem a criar magia, religião e ciência. “Em seu primitivismo o homem criou os espíritos e deuses, e conseqüentemente, a forma de aplacá-los através de técnicas evocativas orais ou mímicas (gestuais). Desse conjunto de fórmulas e entes abstratos nasceram os ritos, os cultos, as cerimônias, as liturgias e os rituais” (Irm. Breno Trautwein, 1997).

Dessa forma podemos definir o rito como sendo um conjunto de regras e cerimônias que se devem observar na prática de uma religião. Assim, um rito é formado por várias cerimônias, bem como por um conjunto de regras e mesmo axiomas dogmáticos (Irm. Breno Trautwein, 1997).

Por ritual entende o livro que contém as formas e regras a serem observadas durante as cerimônias. O ritual contém o cerimonial, a etiqueta, praxe e as regas a serem seguidas.

Se estendermos esses conceitos para os Ritos Maçônicos podemos entender um Rito Maçônico como sendo um sistema. Os Ritos Maçônicos compõem um conjunto complexo formado não só pelo cerimonial mas também pelos preceitos históricos e filosóficos (Irm. Breno Trautwein, 1997). Por sua vez, “o ritual seria o livro dos ritos, ou a execução das cerimônias maçônicas - cerimonial, liturgia e a ordem a ser executada nas cerimônias maçônicas.

Na Maçonaria existem vários Ritos sendo que vez por outras, algum autor realiza uma tentativa em agrupá-los segundo algum critério (Irm. Breno Trautwein, 1997).

Os Trabalhos de Emulação, erroneamente chamado de Rito York, Inglês, ou ainda de Rito do Real Arco, apesar de alguns autores afirmarem diferente (por exemplo, o Irm. Astaphai afirma que este Rito foi inventado na Escócia em 1777 pelos Jesuítas) nasceu a partir da fusão entre a Grande Loja de Londres e os Antigos Maçons da cidade de York.

Sua criação pode ser assim entendida: no século XVIII a Maçonaria na Inglaterra enfrentava sérios problemas internos estando em franca decadência (Irm. Breno Trautwein, 1997).

Estes problemas se originaram porque a Grande Loja de Londres, constituída originalmente por quatro Oficinas (IIrm. Naudon, 1968 e Pacheco, 1998) teve influência muito limitada. As outras Lojas existentes na Inglaterra continuavam a respeitar as antigas obrigações e respeitavam o princípio das Lojas “livres”, isto é, não se agrupavam em nenhuma organização obediencial (Irm. Naudon, 1968).

O centro da resistência era a velha Loja de York. Surgiu então o movimento dos antigos Maçons que criaram, para brigar em condições semelhantes, a mui Antiga e Ilustre Sociedade dos Maçons Livres e Aceitos (Irm. Breno Trautwein, 1997) ou a Grande Loja dos Maçons Francos e Aceitos (Irm. Naudon, 1968), posteriormente transformada na Grande Loja de York, a qual se opunha a Grande Loja de Londres.

A Grande Loja de Londres se autodenominada de Grande Loja da Inglaterra. Por sua vez a Grande Loja de York se denominou de a Grande Loja de Toda a Inglaterra.

Os Maçons a Grande Loja de York eram conhecidos por antigos.

Os Maçons pertencentes a Grande Loja da Inglaterra eram chamados de modernos.

Os principais pontos de discórdia, segundo os Iirm. Trautwein, (1997), Naudon (1968) e Pacheco (1998) eram:





- omissão das preces;

- transposição dos modos de reconhecimento no 1° e 2° Graus;

- descristianização do ritual, provocado pelas Cosntituições de Anderson;

- ignorância e negligência dos dias santos (realização de posses e de festas em dias que não eram os de São João);

- omissão da preparação do canditado segundo os costumes;

- abreviação no Ritual;

- negligência das instruções inerentes a cada grau;

- cessação da leitura dos antigos deveres nas iniciações;

- eliminação da Espada na Cerimônia de Iniação;

- desuso da cerimônia de Instalação de Venerável;

- afastamento do antigo método de arrumar a Loja

- Ignorar os Diáconos;





Essa situação dura quase sessenta anos - até 1813. Foi quando o Duque de Dussex torna-se Grão-Mestre dos “Modernos” e seu irmão de sangue, o Duque de Kent, Grão-Mestre dos “Antigos”. Nesta época, as duas Grandes Lojas, cuja rivalidade perdera o objetivo doutrinário, reconciliaram-se e fundiram-se (Naudon, 1968).

Em 27/12/1813, realizou-se um ato solene de reunião das duas Grandes Lojas. Este ato ratificou um acordo prévio firmado em 25/11/1813.

A nova Potência passou a se chamar de Grande Loja Unida da Inglaterra (IIrm. Breno Trautwein, 1997 e Naudon, 1968) ou Grande Loja Unida dos Antigos Franco-Maçons da Inglaterra (Pacheco, 1998).

Em 1815 foram publicas as Contituições da nova Potência. A Grande Loja Unida da Inglaterra decidiu também trabalhar no Rito dos Antigos, que haviam adquirido o hábito de chamar-se de Maçons de York.

Buscava-se com isso a harmonização dos Rituais, posto que até então ainda existiam diferenças locais, ocasionando variações de Ritos (Rito de Logic, Bristol, West End, etc).

Surgiu então o Rito de Emulação. Este Rito, quando foi levado aos Estados Unidos, sofreu profundas modificação, descaracterizando-o quase que por completo enquanto que o ritual praticado na Inglaterra permaneceu inalterado.

O Rito de Emulação constitui-se de três graus simbólicos (aprendiz, companheiro e mestre). Sobrepondo a este sem contudo ser um novo grau propriamente dito, existe o chamado Royal Arch.

Nos Estados Unidos surgiram novos graus (Royal Arch, Mark Master, Past Master, Most Excellent Master)









OS TRABALHOS DE EMULAÇÃO NO BRASIL

De acordo com o Irm. Joaquim da Silva Pires (1997), o Rito de Emulação foi introduzido no Brasil em 28/junho/1837 pela “Orphan Lodge”, localizada no antigo caminho da Matacavalos, a atual Rua Riachuelo n° 18, cidade do Rio de Janeiro.

Ainda no Rio de Janeiro, em 21/07/1839 foi fundada a “St. John’s Lodge”.

Posteriormente deu-se a fundação no Recife da “Southerb Cross Lodge” em 25 de abril de 1873. Essas Lloj. não tinham a menor vinvulação ao GOB.

Em 1863 sete Lojas se rebelaram contra o GOB e fundaram uma nova potência também chamado de Grande Oriente do Brasil, sob o comando do Irm. Joaquim Saldanha Marinho (Irm. Joaquim da Silva Pires, 1997). Posteriormente estas Lojas reconheceram a irregularidade (dois Grandes Orientes com o mesmo nome) e alteraram o nome para Grande Oriente Unido do Brasil, mais conhecido por Grande Oriente dos Beneditinos (devido ao endereço do mesmo Rua dos Beneditinos, n° 22, Rio de Janeiro).

Este Grande Oriente, através do Irm\ Saldanha Marinho, tendo em vista reconhecimentos internacionais, a fim de homenagear a Maçonaria dos Estados Unidos fundou uma uma Loja que funcionava no Rito de York americano (este Rito sim pode ser chamado de Rito de York). Assim em 30/11/1872 fundou-se a Loja “Véper”. O Irm. Joaquim da Silva Pires (1997) ressalta que não havia qualquer ligação com o Ritual inglês.

Em 1874 foi fundada a segunda Loja a trabalhar com o sistema amaricano. Trata-se da “Washington Lodge”, em Santa Bárbara do Oeste, Estado de São Paulo. Esta Loja estava sob a jurisdição do Grande Oriente Beneditino.

Esta Potência fundou ainda uma terceira Loja no Rito de York americano. Em 22 de março de 1880 foi fundada no Oriente de Santa Cruz (RS) a Loja “Lessing”.

O Grande Oriente Beneditino teve curta duração e em janeiro de 1883 fundiu-se com o GOB levando consigo duas das três Lloj. fundadas no Rito de York americano (a Loja “Vesper” abandonou o Rito inicial e após abateu colunas).

A primeira Loja que trabalhava no Rito de Emulação (como verdadeiramente deve ser chamado este Rito e não York ou Inglês) foi a Loja “Eureka” (GOB), Or. do Rio de Janeiro, 1891. A segunda Loja foi a “Duke of Clarence”, em Salvador no ano de 1891.

Em 21 de dezembro de 1921, através de um tratado entre o Grande Oriente do Brasil e a “Grande Loja Unida da Inglaterra” foi estabelecida a criação de um Grande Capítulo do Rito de Emulação.





Os Trabalhos de Emulação no Estado do Paraná.

Estudando a história maçônica do Paraná verificamos que poucas Loja adotaram o Rito de Emulação. Sabemos que o Rito Escocês Antigo e Aceito é o mais praticado não só em nosso Estado mas também em todo o Brasil.

A predominância do Rito Escocês deixou suas influências em toda parte, inclusive na nossa Constituição fazendo com que os Ritos menos praticados, mas nem por isso de menor importância, tenham de se submeter a uma Costituição “escocesada”. Por exemplo, no caso do Rito de Emulação, somos obrigados a eleger Iirm. para cargos que simplesmente não existem em nosso ritual !

De com o Irm. Anatolli Oliynik (1997) em seu trabalho “O Rito de York no Paraná (Revista Trolha, n° 132) a primeira Loja fundada no Paraná que trabalhava no Rito de Emulação foi a Loja “Duque of Connaught”. todavia esta Loja não chegou a ser regularizada.

Segundo o referido Irm., em 1914 o Delegado do Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil no Paraná, foi autorizado a fundar uma Loj. no Rito de Emulação. Esta Loja foi fundada em agosto de 1915 e funcionou na Praça do Rosário, n° 79, Oriente de Curitiba.

O nome - Duque de Connaught - foi escolhido para homenagear o então Grão-Mestre da Loja Unida da Inglaterra.

Após esta Loja, o Paraná ficou um longo período sem ter uma Oficina trabalhando no Rito de Emulação. Somente em 23/07/1985 a Loja de Pesquisas Maçônicas “Brasil” - Oriente de Londrina - passou a praticar o Rito de Emulação, tornando-se dessa forma, a 2° Loja no Paraná a adotar este Rito. A primeira sessão da “Brasil” no Rito de Emulação foi realizada em 30/11/85.

A Loja “Brasil” foi fundada em 31/11/85 e originalmente praticava o Rito Escocês Antigo e Aceito. Durante 10 anos a Loj. “Brasil” trabalhou a descoberto enfrentando muita resistência de IIrm\ que talvez não entendessem o espirito inovador da Loja ou então por algum outro motivo nada digno de um Maçom. Finalmente obteve o seu reconhecimento do Grande Oriente do Paraná (COMAB).

Devido a qualidade dos trabalhos produzidos pela Loj\ “Brasil” durante sua existência, a mesma tornou-se conhecida e respeitada em todo o território brasileiro.

A terceira Loj\ a trabalhar no Rito de Emulação no Paraná foi a Loj\ “Liberdade”, fundada em 13/02/1989, sob a jurisdição da Grande Loja do Paraná. Sua instalação deu-se em 14/08/90 sendo declarada Loja -Mater do Rito na Jurisdição da Grande Loja do Paraná.

A quarta Loja a trabalhar no Rito de Emulação foi a Loj. “Nova Aliança”, fundada em 24/10/91 e instalada em 30/11/92, funcionado sob a jurisdição do Grande Loja do Paraná.

De acordo com o Irm. Oliynik (1997), esta Loja surgiu de uma divisão fraternal da Loja “Liberdade”, posto que a intenção foi a de criar mais uma Loja que praticasse o Rito de Emulação.

A Loja “Acácia do Oeste II”, Oriente de Cascavel, foi a quinta loja a adotar o Rito de Emulação no nosso Estado, também sob a jurisdição da Grande Loja do Paraná.

A Loj\ “General MacArthur”, Oriente de Curitiba, foi fundada em 13/05/93, estando sob a jurisdição do GOB, com finalidade de estudar e pesquisar o Rito de Emulação. Esta é considerada a sexta Loja do Rito de Emulação no Paraná,

Em 17/7/94” a Loja “Os Templários n° 83” da Grande Loja do Paraná, fundada em 12/07/90 funcionado no Rito Escocês, muda de Rito, adotando o Rito de Emulação, tornando-se assim a sétima Loja a adotar o Rito no Paraná (Oliynik, 1997).

Em 31/08/94 esta Loja se desliga da Grande Loja do Paraná filiando-se ao GOB, passando assim a ser a segunda Loja a funcionar no Rito de Emulação sob a jurisdição do GOB no Paraná.

Em junho de 1995 ocorre um cisma interno na Loja “Liberdade n° 81”sendo que parte dos Obreiros se desliga da Grande Loja do Paraná filiando-se no GOB e fundado uma nova Loja (Loja Liberdade n° 2893) que também funcionava no Rito de Emulação. Esta é a terceira Loja pertencente ao GOB a oitava Loja paranaense do Rito de Emulação.

Recentemente foi fundada em Ponta Grossa a Loj “Miguel Abrão Ajuz”, jurisdição do GOB, sendo a nona Loja do Rito de Emulação no Paraná.

Em 1998 foi fundada no Oriente de Maringá, sob a jurisdição do Grande Oriente do Paraná, outra loja de pesquisa que trabalha no Rito de Emulação.

Finalizando, podemos afirmar que o Rito de Emulação possui hoje no Paraná nove lojas ativas, sendo quatro pertencentes ao GOB (Loj. ”General MacArthur”, ”Os Templários”, ”Liberdade n° 2893” e ”Miguel Abrão Ajuz”); três Lloj pertencentes à Grande Loja do Paraná (”Liberdade n° 81”, ”Nova Aliança n°86” e ”Acácia do Oeste II”) e duas Lojas da COMAB (Loja de Pesquisas Maçônicas “Brasil” e a Loja fundada recentemente em Maringá).
Obs: Em Maringá também foi fundada em 2005 uma Loja do Rito de York, "VIRTUS ET LABORE" Sob a Jurisdição do G.O.B.